No sábado, 27 de setembro, a Prefeitura de Pedra Branca do Amapari promoveu uma cerimônia de entrega de equipamentos à Terra Indígena Wajãpi. A ação decorreu em parceria com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e contou com a presença do prefeito Marcelo Pantoja, do senador Randolfe Rodrigues — autor da emenda parlamentar que viabilizou os recursos — e vereadores locais, como Raimundão, Mateus Silva e Kureni Waiãpi. Foram entregues lanchas, motores de popa e mobiliário para uso comunitário nas aldeias.
O investimento faz parte de políticas públicas que visam assegurar melhores condições de deslocamento fluvial e infraestrutura básica em aldeias localizadas em áreas de difícil acesso. Ao promover maior mobilidade entre rios, lagos e canais, espera-se facilitar acesso a serviços essenciais — como saúde, educação e abastecimento — e fortalecer a integração territorial entre aldeias dispersas. O mobiliário entregue também atenderá escolas ou espaços coletivos comunitários.
A Terra Indígena Wajãpi ocupa cerca de 607 mil hectares entre os municípios de Pedra Branca do Amapari e Laranjal do Jari, na divisa com a Guiana. Trata-se de um território rico em biodiversidade e recursos naturais, mas que enfrenta pressões constantes de invasões e interesses minerários ilegalmente. A comunidade Wajãpi luta historicamente para manter a integridade de suas terras e modo de vida tradicional — marcado pela agricultura, caça, pesca e coleta, bem como por práticas culturais e cosmológicas próprias. A demarcação formal da TI Wajãpi foi homologada em 1996, resultado de um processo participativo que envolveu os próprios indígenas em estudos e negociações.
Em discursos, o prefeito destacou que “a parceria entre o poder público e os representantes políticos é fundamental para assegurar que recursos cheguem de forma efetiva às populações que mais necessitam, promovendo dignidade e desenvolvimento sustentável”. Já o senador responsável pela emenda reafirmou que o objetivo é consolidar uma rede de apoio contínuo para comunidades indígenas, indo além de ações pontuais.
A iniciativa é vista por lideranças indígenas como uma medida concreta para fortalecer a autonomia territorial e minimizar desigualdades estruturais. Contudo, a entrega dos equipamentos também traz à tona desafios persistentes: garantir manutenção dos bens, capacitar lideranças para gerir os recursos e assegurar que tenham utilidade permanente — não apenas simbólica. Em um contexto onde invasões e pressões externas (garimpo ilegal, exploração mineral) ameaçam o território Wajãpi, fortalecer infraestrutura logística assume caráter de estratégia de proteção.
Essa ação reflete uma lógica mais ampla de políticas públicas direcionadas aos povos indígenas: não apenas assegurar direitos territoriais e demarcação, mas oferecer meios para que comunidades possam exercer autonomia plena em seus modos de vida. Para que isso seja efetivo, será necessário articular continuidade orçamentária, participação indígena nas decisões e monitoramento permanente da destinação dos bens. Ao entregar lanchas, motores e mobiliário, Pedra Branca do Amapari e parceiros dão um passo concreto — ainda que o desafio de consolidar benefícios duradouros permaneça vivo.
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