O Santana Esporte Clube completa 70 anos vivendo um raro encontro entre passado e futuro. Fundado em 25 de setembro de 1955, no ambiente pulsante da mineração que moldou a cidade portuária de Santana, o Canário cresceu com a alma operária da região e transformou domingos em rituais de pertencimento. Na década de 1960, o time de Bigú, Pretote, Haroldo Santos, Zé Elson e tantos outros ídolos escreveu páginas de ouro, com títulos estaduais e um futebol que rendeu ao clube ares de potência local. Anos depois, novas taças e retornos marcantes mantiveram acesa a chama de uma camisa que virou símbolo de identidade e memória coletiva.
O aniversário chega com um presente do tamanho da história: a revitalização do Estádio Augusto Antunes, o tradicional Augustão, reaberto em maio após obras financiadas com emenda parlamentar e executadas pelo governo estadual. A entrega teve clima de festa, com jogo comemorativo, ex-jogadores em campo e a presença de Cafu, capitão do penta, num gesto que reposiciona o estádio no mapa afetivo do futebol amapaense. A requalificação trouxe arquibancadas cobertas, iluminação em LED, cabines de imprensa e gramado renovado, requisitos para receber competições profissionais e de base, abrindo a perspectiva de calendário mais robusto para o clube e a cidade.
A reconstrução do Augustão também passa por reconhecer a origem do próprio nome do estádio: a memória do empresário Augusto Antunes e da epopeia industrial da ICOMI, cuja presença ajudou a forjar a economia local, atrair trabalhadores e solidificar a cultura esportiva que seria berço do Santana. Esse traço histórico explica por que o clube resiste como emblema social — um elo que liga os pioneiros das frentes de trabalho às novas gerações que voltam a se ver nas arquibancadas.
Aos 70, o Canário reencontra sua casa e renova ambições: fortalecer a base, modernizar a gestão e abraçar a comunidade que o sustenta há décadas. Em uma cidade que repagina seus equipamentos e busca novos ciclos de desenvolvimento, o Santana chega à maturidade com algo mais do que nostalgia. Com estádio requalificado e uma história que fala alto, o clube volta a ter palco e horizonte para transformar lembranças em projetos — e fazer da tradição um motor para os próximos capítulos.
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