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Terça-feira, 15 de Outubro de 2024

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PARABÉNS A VOCÊ

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PARABÉNS A VOCÊ

 

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Por Adilson Garcia

 

Perdão, princesa! Essa semana foi seu aniversário. Um ano de saudades e eu quase esqueci. Mas uma suave brisa soprada pelas brumas da Lagoa dos índios acariciou meu rosto e trouxe sua voz angelical me lembrando:

-Cadê meu bolo? Quero um bolinho com uma cereja em cima... e depois, o que eu mais gosto: encher sua boca de beijinhos com sabor de glacê.

Amigos, vocês acreditam em espíritos? Se não acreditam, é bom rever seus conceitos.

Uma força estranha me fez lembrar várias músicas essa semana.

Impressionante, cheguei a ensaiar algumas delas. Em seguida abandonei, mas os acordes daquelas músicas não saíam da minha mente.

Essa força invisível me fez tocar instintivamente sem saber o porquê, a música “O Relógio” (El Reloj) do compositor mexicano Cantoral, que também é o compositor da música La Barca, já falecido em 2010 aos 75 anos.

Nessa música, a sua amada está internada num hospital por uma doença grave e seria operada nas primeiras horas da manhã. Os médicos advertiram da gravidade do quadro e das poucas chances de sobrevivência.

“El Reloj” é uma canção muito sofrida e atormentada que Cantoral escreveu enquanto aguardava aflito a morte do seu grande amor. Vejam que no fundo de sua dor, Cantoral compôs uma canção pungente, emocionada, sofrida e suplicante enquanto aguardava no Hospital de Beneficência Espanhola de Tampico, onde havia um grande relógio na parede na sala de espera.

“El Reloj” mostra o sofrimento e a angústia do amante com a doença da amada. Não se conhece o nome da mulher nem o diagnóstico de tão grave moléstia e muito menos do desfecho da cirurgia.

Essa triste história é mais uma das lindas lendas urbanas. Eis a letra da canção:

“Relógio, não marque as horas porque vou enlouquecer

Ela irá para sempre quando amanhecer outra vez.

Mas nós temos esta noite, para viver nosso amor

E teu tic-tac recorda minha irremediável dor

Relógio, pare teu caminho, porque minha vida se apaga

Ela é uma estrela que ilumina meu ser e sem o seu amor não sou nada.

Detém o tempo em tuas mãos, faz esta noite perpétua, para que nunca se vá de mim, para que nunca amanheça.”

Sabe princesa, nossa história não foi diferente, eu sabia que você não amanheceria naquela sua última noite para ver o sol raiar da manhã: os médicos me anteciparam o triste diagnóstico. Você encomendou a vida, mas a vida lhe trouxe a morte.

Eu não dormi: queria também parar o ponteiro do tempo na sua marcha inexorável sempre para frente. Enquanto isso, eu enganava a insônia ferindo as cordas do meu violão.  Como Torante, eu pedia para o relógio parar.

O destino nos prega peças às vezes boas e às vezes nem tão boas no palco da vida, que é uma caixinha de surpresas. Mas a vida sempre vale a pena, mesmo nos momentos mais difíceis como esse em que passamos a desacreditar em tudo.

Vale a pena olhar as borboletas coloridas sugando o néctar das flores de matizes multicolores, o céu azul, as águas cristalinas e o ar que você respira trazendo consigo o cheiro dos jasmins e das rosas.

Como eu disse, você fez a vida no seu ventre e essa vida lhe trouxe a morte. São ironias do destino, não é mesmo?

Naquela noite insone um espírito passou por mim e imprimiu no meu pensamento a emocionante música do Hildon:

“Descansar na Sombra de Uma Árvore... ouvindo os pássaros cantar, cantar.

Larga de ser boba e vem comigo

Existe um mundo novo e quero te mostrar

Que não se aprende em nenhum livro

Basta ter coragem pra se libertar, viver, amar”

Belisquei as cordas da guitarra e chorando pra dentro de mim sufocando os soluços gravei essa canção para você.

De manhã abri sua mortalha, fechei seus olhos que olhavam para o infinito à minha procura, que por pura covardia não estava ao seu lado em seus últimos momentos.

Coube a mim a tarefa de escolher um cantinho só seu, a sua casinha eterna, que a vida nunca lhe deu, mas a morte lhe presenteou.

Lá no condomínio dos silenciosos, vi um lugarzinho debaixo de uma frondosa árvore e o escolhi para você descansar ouvindo os pássaros cantar. Era um ipê amarelo, a cor que você mais gostava. 

Perdão, princesa! Essa semana foi seu aniversário e eu já ia esquecendo de novo. Mas um espírito - acho que era o seu, só pode - me fez lembrar ao tocar sozinho no YouTube do meu celular uma canção do maior poeta dos pampas, o Teixeirinha:

“Parabéns nesta data querida

Mais um ano de vida que tens

Vamos todos cantar pra você

Parabéns, parabéns, parabéns

...

Você hoje é feliz mais feliz

Esta data vai deixar saudade

Os anjinhos do céu nesta hora

Descerão cá na Terra por quê?

Assoprar as velinhas do bolo

E cantar parabéns a você”

Descanse debaixo do ipê amarelo, Princesa, ouvindo a sinfonia dos sabiás, curiós, bem-te-vis, rouxinóis, pardais e pintassilgos nas suas eternas alvoradas.

C’est la vie!  É a vida como ela é...

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Adilson Garcia

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Adilson Garcia

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