Mais um, agora é uma, paraquedista pro Amapá
Reinaldo Coelho
O Amapá é um estado novo, pobre, de números de eleitores insuficientes para que um candidato a presidência da República, sequer o visite para campanha eleitoral. Tem um PIB pequenérrimo, vive dos recursos federais e não produz o suficiente para abastecer seus consumidores. Precisa importar de tudo, inclusive políticos.
Isso mesmo, além de frangos, farinha e outros, importamos políticos, para disputarem as vagas federais que são dos amapaenses e tem gente que torce por isso? Tem sim e ainda se diz amapaense.
E o interessante é que os outros estados estão exportando políticos. Tem muitos Estado que possui políticos espalhados pelo País afora: são prefeitos, governadores, senadores… Uma série de políticos que deixaram sua terra natal para conseguir viabilização em outras unidades da federação.
A busca pelo poder gera uma onda de “políticos paraquedistas”, que não estabelecem sua base em um local específico, mas vão conforme as possibilidades identificadas. Fato não exclusivo de nosso Estado.
Talvez o melhor exemplo para ilustrar tal afirmação seja o ex-presidente José Sarney (MDB). O político nasceu no Maranhão, foi promovido politicamente no local, tendo sido deputado federal, governador e senador. Mas em 1990, com a negativa do PMDB em liberar legenda para que se candidatasse ao Senado, o peemedebista foi ao Amapá pleitear o cargo — e foi eleito não apenas uma vez, mas três. Deu contribuições para o Estado, mais como ex-presidente e presidente do Senado Federal poderia ter feito muito mais. E olha que o o Davi Alcolumpre, passou dois anos na presidência, mais mostrou que o cargo tem poder e conseguiu muito mais que o Sarney em três mandatos.
O Amapá sempre atraiu aventureiros, entre eles os que aqui vieram buscar a riqueza e se instalar como comerciante, minerador, advogado, enfim... Se estabeleceu, cresceu, investiu, casou, construiu família e se naturalizou amapaense, esses podem sim participar da roda política e lutar pelo desenvolvimento do Estado e de seu Povo.
Mas, quando de repente, de um nada, uma política entra nas redes sociais e ‘brinca’ que vai ser candidata ao senado federal, para tirar um amapaense que deve ir a reeleição, pelo simples fato de querer e sem consultar os mais interessados, os amapaenses.
Infelizmente, essa meme da ministra Damaris estar se tornando séria, o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro lança ela como candidata ao senado pelo Amapá. E quem é Jair Bolsonaro para enfiar a Damaris na nossa goela? Ela nunca atuou no Amapá, visitou duas vezes o Estado.
Sobre “políticos paraquedistas”, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) da área de Ciência Políticas Pedro Célio Alves Borges explica que, no Brasil, os casos são quase sempre prejudiciais, considerando que “a instituição federativa fica fragilizada”. Ao ressaltar que alguns casos podem ser benéficos, o professor cita Juscelino Kubitschek, que representou Goiás no Senado. “Existem alguns exemplos que diferenciam do que geralmente ocorre, claro. O ex-presidente trouxe bons frutos para Goiás, e a região”, pondera.
Aqui no Amapá, podemos colocar o nosso ex-governador Anibal Barcelos, deputado federal e prefeito de Macapá, que mesmo sendo carioca, veio para o Amapá e ficou até sua morte.
O cientista político explica que não sabe dizer de forma clara o que significa esta migração política, relatando que políticos que não estabelecem uma base eleitoral fixa, se beneficiam das fragilidades da legislação eleitoral. “Não sei como a legislação pode evitar isso, além de estabelecer um tempo mínimo de domicilio eleitoral. Um tempo para criar vinculo, para criar uma nova base”, pontuou.
O Amapá tem 77 anos de existência, sendo 45 como Território Federal e sua população não tinham poder de escolha ou de decisão política. Seus governantes desde os intendentes aos prefeitos eram nomeados ao bel prazer de Brasília. Os governadores eram escolhidos e nomeados, e os amapaenses ficavam na expectativa de os conhecerem, somente quando desembarcavam com sua equipe no aeroporto de Macapá.
Traziam a tiracolo seus secretários de primeiro ao terceiro escalação e aos amapaenses restavam o serviço de obedecer. Tanto que quando estudei no Grupo Escolar Guanabara, a primeira diretora foi a Professora Amélia, uma carioca, esposa de um diretor da Educação.
Os jovens estudantes amapaenses, passaram alutar para conquistar os palanques políticos, sofreram na repreensão de 1964, mas, tiraram os herdeiros janaristas e Antônio Pontes, foi o primeiro amapaense deputado federal, logo em seguida o professor Azevedo Costa, foi o primeiro prefeito eleito de Macapá e passamos a ser geridos por amapaenses.
No governo temos conseguido manter amapaenses nascidos em outros estados, mais com famílias pioneiras nas atividades produtivas amapaense. Fomos assim chegando a autonomia política partidária com nosso amapaenses no comando.
Infelizmente, a aventura da Ministra Damaris, além do apoio presidencial, já tem o apoio do Pastor Guaracy que estar cogitando a candidatura de Damaris Alves, que é evangélica e uma maneira de represália ao senador Davi Alcolumbre candidato a reeleição a única vaga do senado nessas eleições de 2022.
Essa rusga política que o senador acumulou com o governo Bolsonaro e com os evangélicos ao demorar para pautar o nome de André Mendonça, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente, para ser sabatinado no Senado. “Ela não teria a menor chance. Não tem partido, não tem chapa no governo e nunca fez nada pelo Amapá. O estado não aceita paraquedista”, declarou Lucas Barreto, senador pelo PSD-AP.
Mas, parece que a brincadeira do ““Alcolumbre, tô chegando!”, declarado no dia 21 de fevereiro, foi abraçado e levado a sério pelo presidente Bolsonaro. Ele tinha pretensão de que Damaris disputasse em seis estados a vaga para o senado, mas como aqui é preciso de pouco votos para se eleger ela escolheu o nosso Amapá e São Paulo são milhões, a opção caiu pelo ‘pobre’ do Amapá.
Infelizmente, o domicilio eleitoral o prazo para o procedimento é de seis meses antes do pleito, ou seja, até o dia 2 de abril de 2022. Enquanto isso o Amapá fica discutindo Damaris.
Créditos (Imagem de capa): DIVULGAÇÃO
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