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Terça-feira, 15 de Outubro de 2024

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A BAILARINA E O PATINADOR

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A BAILARINA E O PATINADOR
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A BAILARINA E O PATINADOR

 

 

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Por Adilson Garcia

 

Aithe, menina moça recatada no fulgor da sua juventude, a face de pêssego e o corpo curvilíneo de bailarina. Tinha todos os predicados de uma estudante da melhor escola das irmãs freiras de Belém.

Vivia enclausurada no luxo do seu condomínio para poucos, rodeada de mimos e o conforto que a família rica que lhe proporcionava.

Mas Aithe era vazia por dentro, faltava-lhe um pedaço e sua mãe castradora não lhe permitia nada, nem namoro, nem cineminha, nem tertúlias, nem um clássico rolê no shopping ou na região da Docas de Souza Franco, o point dos barzinhos e também de outras “coisitas más” (rss) em Belém, a Capital das Mangueiras, uma das mais belas (e maltratada) cidades do Brasil.

Era um sábado à noite e finalmente a mãe mandona afrouxou as regras e lhe acompanhou no shopping para um Mac Donald’s, tão acostumada a manjares finos, se deliciou, pois inúmeras vezes do carro ela avistara o Mac e olhava para a lanchonete como um pobre olha uma vitrine.

Aithe ficou deslumbrada com o rinque de patinação no gelo e a performance do patinador instrutor, certamente um bailarino por causa de sua silhueta e os movimentos de balé clássico.

Aithe simplesmente endoidou, fissurou, insistiu, chorou até que sua mãe abriu a exceção e lhe inscreveu na patinação. O motorista levava, ficava observando e trazia.

Logo Aithe dominou os segredos dos patins sobre gelo e fazia um par perfeito com seu instrutor. Quem via achava que era ao vivo uma competição de patinação artística em dupla das Olimpíadas de Inverno, os movimentos sincronizados e um par de corpos irretocáveis comprimidos em collants que enalteciam as partes protuberantes daquele belo casal.

O patinador tocava-lhe o corpo naquela valsa esportiva de rodopios, derrapadas e piruetas loucas para no final ela cair nos seus braços.

Inevitável eram os toques e os resvalos nas partes erógenas. Ao final da apresentação, ele a pegava por trás, com o suspiro ofegante na sua nuca e as mãos sobre o ventre, no limite proibido do monte de Vênus.

Aithe sentia a respiração ofegante e o calor do suspiro que se irradiava por trás de suas orelhas, enquanto sentia o contato imediato de primeiro grau da genitália macia nas suas nádegas. Um arrepio corria pelo seu corpo e um calor estranho a fazia transpirar por todos os poros. O coração batia tanto que parecia querer saltar pela boca.

O rapaz, mineirinho da gema de “Belzonte”, era de família pobre, mas era educado e polido. Isso ela descobriu um dia ao lhe dar carona, não sem antes passar pelo Lanche do Mileo ali na Doca e lhe apresentar o famoso sanduíche de leitão à paraense.

Evidentemente com a cumplicidade do motorista da família, que sentia pena daquela moça tão linda e as duras regras que lhe impunha a mãe “coroné” das brabas... No âmago, o chofer a queria ver feliz e observa a alegria nela como nunca dantes, pois seus olhinhos brilhavam e era só sorrisos enquanto parlava com o moço. Rolou um beijinho.

Aithe chegou em casa e ao se despir, a calcinha estava molhada, pingando um líquido abundante da vagina cor-de-rosa de poucos pelinhos pubianos. Tocou pela primeira vez sua genitália violando a proibição materna e voltando sua memória para os contatos íntimos do patinador em seu corpinho, foi aos poucos friccionando seu púbis até encontrar o clitóris. Em movimentos circulares com o dedinho, logo estremeceu-se toda e o prazer da carne fez onda de calor que incendiou seu corpo.

Certo dia o patinador tomou coragem e foi ao condomínio pedir a mão em namoro, mas foi enxotado e humilhado pela mamãezona. Não passou do interfone da portaria:

-Fora, seu cachorro! Não se enxerga não, seu pobretão? Como ousa? Procura alguém de seu nível. Suma daqui, seu canalha!

O patinador se demitiu do rinque e Aithe desapareceu, levando consigo uma mochila com algumas roupas e um cartão de crédito!

Logo apareceram inúmeras compras no cartão de equipamentos eletrônicos, relógios etc. Foi a forma que o casalzinho idealizou para se capitalizar. Ou seja, planejavam uma fuga iminente do Pará.

A mãe em desespero procurou o escritório de advocacia de um jovem advogado e este fez os procedimentos policiais. A mãe ofereceu uma gorda recompensa para reaver sua filha das mãos de seu raptor e o delegado destacou alguns policiais civis sob o comando do causídico.

Foi feito o cerco no aeroporto e rodoviária, entregando o comunicado às companhias com fotos da bailarina e do patinador.

A recompensa dava para comprar uma motocicleta à época.

Foi um jogo de gato e rato. Os jovens amantes eram muito espertos também.

Como certamente iriam fugir de ônibus, o inteligentíssimo advogado previu que tomariam um ônibus no muvuquento terminal interurbano do São Braz com destino a Castanhal, pois nessa rota não há identificação na compra do bilhete.

Mas não contavam com a astúcia do advogado, que foi a Castanhal e comunicou os guichês daquela rodoviária.

Aithe, ainda que odiasse sua mãe, no quinto dia cometeu o vacilo de ligar para casa com saudades do irmãozinho. Como o telefone estava grampeado, a polícia estourou o “cativeiro” do rapto consensual lá pelas bandas da Marambaia e “recuperou” a jovem. O mineirinho havia saído para comprar lanche e conseguiu escapar.

Algumas horas depois um vendedor de bilhetes da Transbrasiliana de Castanhal ligou para o advogado, informando até o número da poltrona (e o número da conta-corrente sua rsss) e a PM interceptou o ônibus em Paragominas e o prendeu.

Na porta da cela da cadeia da Delegacia da Cremação, dos olhos da mãe rancorosa saíam faíscas, queria esganar o mineirinho. Fez proposta indecente para o advogado e o delegado: queria a cabeça do garoto sendo chutada como bola de futebol na hora do banho de sol.

Lógico que os dois profissionais não concordaram, pois na condição de machos alfa e despidos do emocional, entendiam as loucuras de um jovem dominado pelo amor incandescente por aquela princesinha, embora inaceitável o rapto ainda que consensual.

-Doutor, quero um exame de corpo de delito, quero saber se minha filha ainda é virgem,  se adquiriu alguma DST ou se está grávida.

No IML Renato Chaves, a médica legista entregou o laudo ao advogado.

-E aí, doutor? Ela ainda é virgem, tá grávida?

-Bem, senhora, ela é tecnicamente virgem...

-Como assim, doutor?  O que significa “tecnicamente virgem”? Leia o laudo para mim.

-Huuuummmm, vejamos, hímem íntegro. Região perianal apresenta hiperemia e laceração nos esfíncteres anais no nível de 12 e 15 horas... Bem, é isso...

Tamanho choque, a mãe caiu desmaiada. Ao recobrar os sentidos, questionou à sua princesa, querendo espancá-la!

-Vadia! Cadela! Te odeio!

-Mamãe, eu lhe fiz uma promessa de casar virgem. Promessa cumprida.

Menos de ano depois Aithe atingiu a maioridade. Na noite do aniversário pomposo, fugiu de fininho abandonando os convidados e voou para as Alterosas em busca do seu amor do gelo.

Passado algum tempo, o casal foi reconhecido nas telas da TV brilhando nos rinques de patinação nas Olimpíadas de Inverno de Pequim. Foram campeões mundiais.

O casal deu três netinhas para a vovó brabona, agora babona (rss).

O amor venceu o ódio e hoje vivem como unha e carne numa simbiose total.

E assim viveram felizes para sempre, igual os contos de fadas dos irmãos Grimm.

É a vida como ela é...

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Adilson Garcia

Publicado por:

Adilson Garcia

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