Recém-empossado diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito do Amapá (Detran-AP), o coronel da reserva da Polícia Militar, Edvaldo Mafra, chega ao comando do órgão com um objetivo claro: preparar o estado para um futuro de intensa transformação na mobilidade, impulsionado pela chegada da indústria do petróleo.
Coronel da reserva desde 2023, com passagem pelo comando da Companhia de Trânsito e formação em Gestão de Recursos Humanos, Mafra conta que encarou o convite para comandar o Detran como mais um desafio na carreira. Ao assumir o cargo, a primeira medida foi realizar um diagnóstico da situação do órgão e do trânsito no estado, traçando um prognóstico para orientar as ações.
Segundo ele, o planejamento leva em conta um “Amapá do futuro”, voltado à mobilidade social e à preparação das cidades para o crescimento econômico. “Precisamos preparar o Estado para o que está por vir”, defende, destacando que a mobilidade não se resume à circulação de veículos, mas também respeita as peculiaridades locais, como comunidades tradicionais, a forte relação do Amapá com a natureza e a sustentabilidade.
Desafogando o pátio
Um dos pontos que mais chamavam a atenção da população era o pátio do Detran, antes tomado por veículos abandonados e sucatas. Segundo Mafra, a reorganização do espaço atendeu a uma orientação direta do governador Clécio Luís, com o objetivo de eliminar a poluição visual e reduzir riscos à saúde pública, já que os carros acumulavam água e serviam de foco para doenças.
A solução veio com a realização de leilões de veículos e sucatas, em formato online, o que agilizou o processo. Ao todo, 233 veículos foram levados a leilão, com 147 arrematados, resultado considerado acima das expectativas. Com o pátio praticamente vazio, o Detran planeja agora utilizar a área para implantação de pistas de exame, dando nova função ao espaço e melhorando a estrutura para os candidatos à CNH.
Novas regras
Outro tema em debate nacional e acompanhado pelo Detran-AP é a possível mudança nas regras para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, especialmente no que diz respeito à exigência de autoescolas. Mafra afirma que o órgão aguarda uma resolução do governo federal para saber quais categorias serão afetadas e de que forma o novo modelo será implementado. Por enquanto, diz ele, o cenário é de expectativa e ainda não há definições oficiais.
Participação
A gestão também tem se destacado no cenário nacional. O Amapá levou ao congresso brasileiro sobre trânsito e mobilidade uma das maiores delegações de sua história, apresentando cerca de sete temas, entre leilões, tecnologia da informação, educação para o trânsito e fiscalização da Lei Seca. Em vez de apenas participar, o estado buscou protagonismo nas discussões jurídicas e técnicas do setor.
Uma das iniciativas que chamou atenção de outros Detrans do país foi o novo modelo de prova prática para condutores. Antes, o Amapá registrava altos índices de reprovação, desconfiança e recursos. Agora, todo o processo é filmado, desde a prova teórica até o exame prático no veículo, o que dá mais transparência. A prova prática foi dividida em duas etapas: baliza e circuito. Se o candidato reprova em apenas uma delas, faz somente aquela parte no reteste, sem precisar repetir tudo.
O Detran também passou a oferecer reteste gratuito, sem cobrança de nova taxa, o que facilita a vida de quem busca a CNH. Combinadas a técnicas de acolhimento e humanização — voltadas a reduzir o nervosismo dos candidatos —, as mudanças elevaram o índice de aprovação para cerca de 90%, segundo Mafra.
Na avaliação do diretor, essas conquistas são resultado de uma equipe técnica qualificada, de gestões anteriores que estruturaram o órgão e da visão do governo estadual em modernizar a prestação de serviços. E ele garante que ainda vem mais pela frente: a meta é avançar na digitalização, com aplicativos móveis que permitam ao cidadão resolver pendências, pagar débitos e acessar serviços de qualquer lugar do Amapá, do Brasil ou até do exterior, sem precisar se deslocar até o Detran.
Atendimento de excelência
O atendimento ao público, tradicionalmente apontado como um dos gargalos do órgão, é tratado como prioridade. Mafra relata que acompanha de perto a rotina no salão de atendimento, conversando com usuários, remanejando servidores quando identifica guichês ociosos e orientando sobre serviços que poderiam ser resolvidos por canais digitais. A gestão também prepara cursos de capacitação específicos para a área, incluindo autoatendimento e outras formações voltadas ao relacionamento com o cidadão.
Para o novo diretor, o futuro do Detran-AP passa, necessariamente, por um serviço cada vez mais ágil, tecnológico e humano, alinhado às transformações econômicas e sociais que o Amapá começa a vivenciar.

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