PRETOGONISTA: O REI DA MÚSICA PRETA DA NOVA MÚSICA PERIFÉRICA AMAPAENSE
Por Carla Nobre
Eu confesso que não conhecia Pretogonista, mas me apaixonei por seu novo álbum, chamado “Oriki”. Ele foi lançado recentemente, através da Natura Musical.
É em “Oriki”, que o repeiro faz reverência e pede licença para cantar a ancestralidade. A música preta da Nova MPA (Música Periférica Amapaense) produzida nas periferias com sotaque, chiado e gingado afroamazônicos. Isso não é revolucionário? Fico imensamente grata a este artista que possibilita a todos nós enxergar essa novidade em nossa música.
Os temas do álbum trazem um tom político e social que se torna cada vez mais relevante em nossa sociedade. Pretogonista vai na contramão de quem não gosta de pensar o mundo. Essas temáticas tornaram-se marcas registradas nas letras do rap e do hip-hop contemporâneo, mas tratar da individualidade e da transformação do interior de cada ser é ainda mais atual. Na música do Pretogonista, as mudanças partem do íntimo e são fundamentadas em princípios filosóficos, com letras e melodias propositivas.
Aqui entre nós, pra mim, o Pretogonista é pura revolução!
Paulo Rocha explica que “Os caminhos escolhidos por Pretogonista, atravessam a afroamazônia e os cantos dos orixás, assim como as referências da cultura local, no Batuque e no Marabaixo dos quilombos num misto de tambores, atabaques e agogôs, instrumentos usados pelos ogãs e tocadores das festas tradicionais das malocas quilombolas aos terreiros do Amapá. Assim, a sonoridade poética ganha as ruas da cidade e se misturam aos beats eletrônicos e a experimentação sonora do rap nas quebradas, e é nessa pluralidade de elementos que repousa a riqueza de Pretogonista.
Nosso artista, Pretogonista, diz que este trabalho está ligado à ancestralidade. “Nunca perdi de vista as minhas origens, a presença da ancestralidade seria inevitável nesse álbum. Toda produção artística requer muita dedicação e comprometimento com nossas escolhas. Nesse percurso, a minha família, meus antepassados, meus orixás, minha espritualidade e minha filosofia foram fundamentais, daí vem todo o axé”, revela o repeiro que lança o seu segundo álbum da carreira.
O álbum tem a produção musical de Malária e Gabriel Daluz, Mix & Master de Nois PUR NOIS rec, gravação de Nois PUR NOIS rec e Mavambo, com participação especial de Xicão e Caçula Bem de Rua.
“A importância de “Oriki”, álbum do Protagonista lançado pela Pororoca Sound, não reside apenas no ato de fazer ecoar a voz dos excluídos, como é recorrente no rap. Neste álbum, o artista se mostra preocupado com sua ancestralidade, com o levante da autoestima do povo negro. Para isso, mergulhou visceral e rizomaticamente em suas origens, presenteando-nos com uma espécie de rap antropológico.”, afirma, Claudio Silva, Produtor da Ói Nóiz Akí.
Eu tive o prazer de ouvir todas as faixas e confesso, estou apaixonada. Oriki me tomou de cheio, como um grito, uma fortaleza, uma fé mesmo. Já “tudo é tambor” me mostrou o quanto a música pode criar e sim, não vamos deixar isso se perder. Assim, vai lá na tua playlist e atualiza com o nome dele e não te espanta de querer repetir “afrofuturismo”. Afinal, é coisa de preto ser rei e rainha. Ele é rei: Pretogonista!
As fotografias são de Aog Rocha e foram gentilmente cedidas para essa edição da coluna.
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