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O SONHO DA MENINA DE CÁCERES

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O SONHO DA MENINA DE CÁCERES

 

 

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Por Adilson Garcia

 

Na Cidade Maravilhosa, a índia Silvia Waiãpi, a primeira indígena oficial das Forças Armadas do Brasil engajada como fisioterapeuta, recebeu a incumbência de realizar o sonho da vida de Mariane, 10 anos, descendente da etnia Parecis, a qual estava na fila para operar um tumor na coluna no Hospital Geral do Exército da antiga Guanabara.

No seu mundinho pobre da bela cidade de Cáceres, no interior do Mato Grosso, às margens do Rio Paraguai, famosa por seus torneios de pesca ao dourado, o sonho de Mariane de era comer o mais famoso sanduíche do mundo, o Big Mac, que assistia nos comerciais da tv.

Mas era uma mera quimera, intangível, porque nas suas origens jamais se realizaria por dois motivos:

O primeiro era o econômico, pois a sua família era de extrema pobreza; o segundo porque a pequena Cidade Portal do Pantanal, conhecida como Princesinha do Paraguai, não tem shopping e muito menos lanchonete McDonald’s.

A índia então idealizou uma surpresa espetacular, pois na convalescênça desse tipo de cirurgia há sérios riscos de recidiva. Por isso, Mariane merecia muito mais.

A índia Waiãpi tinha consciência da terapia do riso desenvolvida no ambiente hospitalar, uma grande aliada ao tratamento biomédico convencional, visto que a arte e o bom humor dos palhaços, provocam a alegria, sorrisos e empatia do paciente pelo próximo e proporcionam aos pacientes um ambiente que auxilia no processo de recuperação, de modo a tornar a assistência médica mais acolhedora e humanizada.

Então a oficiala lembrou do seu desejo de criança de um dia hastear a bandeira do Brasil, quando ainda habitava a aldeia Waiãpi, vizinha do Parque Nacional do Tumucumaque, um distante pedaço da floresta Amazônica do torrão do Amapá.

Trinta anos depois a indiazinha realizou esse sonho em uma competição mundial patrocinada pelo Instituto Ronald McDonald’s para crianças com câncer, como Mariane.

Então por que o sonho de Mariane não pode ser tão grande como o seu?

Mariane só de saber que comeria o Big Mac, como num passe mágica a insuficiência medular desapareceu e a fabricação dos glóbulos vermelhos deixou os médicos incrédulos diante da incrível recuperação daquela paciente mirim.

Mas tempos depois a família de Mariane ligou para a índia Waiãpi para informar que a menina estaria viajando para o Rio de Janeiro em uma UTI aérea das Forças Armadas, pois uma infecção estava em evolução e o seu estado de saúde era crítico.

-Silvia, peço encarecidamente, receba pessoalmente minha filha, pelo amor de Deus. Tenho medo de perdê-la e ela fala o tempo todo em seu nome. E só aceitou viajar quando lhe prometi que você iria aguardar no aeroporto com um Big Mac pra ela, - disse-lhe a pobre mãe.

Autorizada pelos superiores, contactou o Instituto e o seu ator principal Ronald McDonald’s foi ao hospital para entregar o tão sonhado Big Mac a Mariane e dezenas de crianças ali internadas com câncer. Seria uma festa no hospital e muitas crianças atrairiam energias positivas, na esperança de venceram a dura batalha contra essa cruel doença inimiga.

Silvia ficou de prontidão na ambulância na base aérea do Galeão, não sem antes comprar um bonequinho do Ronald MacDonald’s para Mariane.

Aquelas horas de espera foram intermináveis e passado algum tempo, o comando aéreo informou à equipe médica que o avião havia retornado para Cáceres porque Mariane havia falecido no espaço aéreo.

A índia Waiãpi, médicos e paramédicos ficaram arrasados, porque naquele avião ninguém sabia dos sonhos de Mariane. Morreu solitária amarrada à maca sem ninguém segurando sua mãozinha.

De joelhos na pista do aeroporto, em lágrimas a índia Wayãpi dirigiu uma prece à sua Deusa Jaci, a filha de Tupã, considerada a guardiã da noite, a Deusa Lua. Seu nome vem de “iacy”, que em tupi significa “mãe dos frutos”.

Orando, prometeu estudar transporte aeromédico para que alguém pelos menos segurasse a mão das Marianes e não as deixassem morrer sozinhas. Promessa cumprida.

Em certa ocasião, desejando dar aos discípulos uma lição sobre humildade (em Mateus, 18.1), o Senhor Jesus chamou uma criança para perto de si e ensinou aos discípulos a necessidade de alguém se tornar como uma delas para entrar no Reino.

Os anjos no céu são as almas das crianças quando morrem. Jesus ensinou que as almas das crianças (os “anjos” delas) vão para o céu após a morte e ficam continuamente na presença de Deus.

Uma névoa encantada como as brumas de inverno do Rio Paraguai se formou exalando ao redor daquela índia Waiãpi um forte cheiro de patchuli. Imagens de anjos com trombetas se formaram elevando a alma de Mariane aos céus lentamente.

Mariane seguiu na sua pureza para o Reino do Céu. Lá o Menino Jesus lhe aguardava para dividir consigo Big Macs divinos e nuvens de algodão doce para toda a eternidade.

Sem o sofrimento atroz que foi sua existência material terrena!

 

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Adilson Garcia

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Adilson Garcia

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