A POESIA DE PEDRO STLKS E AS BOBAGENS DA VIDA
Por Carla Nobre
Pedro Stlks é um poeta nascido em Macapá, no Amapá, em fevereiro de 1988. É formado em letras. Morou parte da infância no município de Tartarugalzinho. Isso deixou-lhe na bagagem um pouco mais da floresta.
Ele é múltiplo e se reiventa constantemente. Afirma ser poeta, dizedor de poesia, compositor e fotógrafo. Mas, sobretudo é importante dizer que ele é um pesquisador de arte, ama ler poesia contemporânea, ama (o tempo todo) ouvir música e os felinos no mais. Isso tudo, faz dele, um artista completo.
Além disso, ele explica: “sou nortista, Escrevo sobre as bobagens da vida, da natureza e do mundo. Já escrevi quatro livros sobre palavras perfumadas, nenhum livro publicado de forma impressa, todos os livros publicados em PDF, afeto, lugares secretos e diálogos de peixes. Fui da amazônia ao sertão. já plantei árvore. me apaixonei e namoro os poemas de Manoel de Barros e Adélia Prado. Acredito que a vida só é possível se a poesia se fizer presente em palavras, fala e abraços que se demoram”.
Agora, confere dois poemas fresquinhos, da série “batista”.
O CHORO DO BATISTA
as lágrimas que já atravessaram o rio que o batista desagua são de uma constelação que ninguém nunca conseguiu avistar, como uma descoberta de um novo continente, como num acidente ou como um pedaço de sol que entra pela janela e toca o corpo do assoalho. as lágrimas que o batista derrama não significam que há dor, que há medo, que há corre todo dia pra sobreviver ou que na rua sem asfalto passam mil vidas quase sem esperança, quase sem olharem pro céu azul, quase perdidas vidas debruçadas sobre um naufrágio que parece não ter fim. o batista como na canção de exu guarda um amor que o assusta, coisa de amor que mexe no fundo do seu oceano, que atiça o seu carpo baleado pelas coisas que o amor inunda. as lágrimas que o batista deixa correr devem lembrá-lo que um dia ele tentou correr atrás do arco-íris, mas isso foi há muito tempo atrás ou poderia ser agora.
O NOVO MUNDO
as estrelas que moram na cabeça do batista
são de um espécie intergalática
nunca vista por nenhum astronauta
ou um estudioso da nasa
que tenha se dado conta que talvez
as respostas do outro mundo
estejam ali presas em pequenas cápsulas
sondas e telescópios nunca mandados
para uma missão terrestre
algumas estrelas morreram
sem completarem a maior idade
algumas não sabem seus nomes
quando escritos em uma folha
algumas estrelas poderiam
acender o sol pois amanhecem antes
mesmo que ele abra sua primeira janela
algumas conhecem a palavra alimento
e seguem de barriga vazia
as estrelas que moram sobre a cabeça do batista
são desconhecidas porque ainda se desconhece
o que realmente importa quando
nos referimos as estrelas.
As fotografias são do acervo do poeta e tem como fotógrafos, Matheus Mendes e Eudes Vinícius. Elas foram gentilmente cedidas para essa edição da coluna.
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