COLUNA OPINIÃO CULTURAL
Por Carla Nobre
A GOMA DE BRENDA ZENI
Conheci a Brenda Zeni em um momento de luta histórica na cidade de Macapá, sobre editais e transparência em relação aos recursos públicos para a cultura. Logo depois, ela lança o clip com a música “Minas armadas”. De lá pra cá, essa menina linda tem me conquistado. Voz suave, assinatura autoral nas produções e muita vontade de ganhar o mundo.
Além de linda, Brenda Zeni é cantora, compositora e instrumentista radicada no Amapá, a rockeira passou a fazer parte da cadeia produtiva da música em 2010, interpretando grandes sucessos que a influenciavam. Em 2011, ganhou sua primeira premiação – de melhor intérprete - no Festival da Assembleia Legislativa Amapaense. Em 2015 conheceu o Alan Flexa, produtor da Zarolho Records, que tornou possível a gravação da artista, que já acumulava composições há alguns anos.
Em 2017, Brenda Zeni começou a lançar singles que depois formaram seu primeiro disco, chamado “Quebra do Feitiço”. E passou a disputar festivais on-line e presenciais, levando sua música, inclusive, para fora do Amapá.
Por tudo isso e muito mais, hoje trago mais uma história com a assinatura da Natura Musical e da Ói Nóiz Akí: GOMA, o primeiro disco completo de Branda Zeni, que vai aterrizar nas plataformas de streaming. Ele chegou chegando nesta sexta-feira (25) para integrar a coletânea da Pororoca Sound, produção da Ói Nóiz Akí, patrocinada pelo programa Natura Musical e traz uma regionalidade convexa experimental como parte das memórias da infância que chegam ao rock LGBTQIA+ ET de Cétera e o Tal.
Dona Zilda, avó da artista conta e canta "...pra falar verdade, o rapaz que ela se encontrava era um bicho... Ele entrou na casa e comeu a Maria. Foi assim e acabou." Essa é uma parte da história de Maria Pereré contada por ela numa das faixas do álbum. Zilda é a primeira referência musical que Zeni tem lembrança. A avó embalava o sono da menina com histórias que sempre tinham uma parte cantada, assim Vovó Zilda nasce oficialmente como artista neste álbum da neta. Isso não é lindo, gente? Fiquei ainda mais fã da Brenda.
Além da avó, Zeni têm influências inevitáveis como Rita Lee, Tom Zé e frequências mais novas como Karina Buhr, Bárbara Eugênia e Lulina, que surpreendeu a artista aceitando seu convite para compor uma música em parceria. A experiência deu certo e duas músicas nasceram.
Paulo Rocha explica que o disco traz a raiz amapaense da artista unida a liberdade do experimentalismo que ela tanto aprecia. Contém participações de artistas que são referências da cultura local, como Tia Esmeraldina Santos, escritora, artesã e cantora do quilombo do Curiaú, Lady Madonna, baixista e backing vocal da banda Amélia Lunar. Composições de Alan Flexa e de Rafael Senra, que em 2021 foi pré-indicado ao Grammy. E de fora do Amapá a cantora, compositora e instrumentista pernambucana, Lulina, recentemente premiada por diversos trabalhos originais como o PPM (Prêmio Profissionais da Música)..
Brenda conta que já tinha notado sua facilidade de passear por timbragens vocais diferentes e isso sempre a deixou com muitas dúvidas na cabeça, pois se encaixava em vários estilos e por isso acabava flutuando entre os gêneros musicais com facilidade. Não achava que pertencia a lugar nenhum, por modular a voz tão naturalmente a cada música que parece uma intérprete diferente em cada faixa. “Ouvi isso na Oficina de Composição do Paulinho Bastos quando ele me disse que essa é uma capacidade não muito comum e que eu devia continuar explorando. Então pensei... ‘é isso, vou assumir ser mutante e não ser ninguém.’ Este podia até ser o nome do disco, mas me apaixonei pela faixa Goma, então ... rs", pontua Zeni.
Então corre lá nas plataformas e acessa as músicas dessa menina que, além do mundo, vai ganhar teu coração e rechear tua playlist.
Colaboração nessa edição da coluna: Paulo Rocha.
As fotografias são de Aog Rocha, compondo o acervo de divulgação de Goma e foram gentilmente cedidas para essa edição da coluna
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